sexta-feira, 19 de março de 2010

Dislexia

Definida como um distúrbio ou transtorno de aprendizagem na área da leitura, escrita e soletração, a dislexia é o distúrbio de maior incidência nas salas de aula. Pesquisas realizadas em vários países mostram que entre 05% e 17% da população mundial é disléxica.
Ao contrário do que muitos pensam, a dislexia não é o resultado de má alfabetização, desatenção, desmotivação, condição sócio-econômica ou baixa inteligência. Ela é uma condição hereditária com alterações genéticas, apresentando ainda alterações no padrão neurológico.
Por esses múltiplos fatores é que a dislexia deve ser diagnosticada por uma equipe multidisciplinar. Esse tipo de avaliação dá condições de um acompanhamento mais efetivo das dificuldades após o diagnóstico, direcionando-o às particularidades de cada indivíduo, levando a resultados mais concretos.

Sinais de Alerta
Como a dislexia é genética e hereditária, se a criança possuir pais ou outros parentes disléxicos quanto mais cedo for realizado o diagnóstico melhor para os pais, à escola e à própria criança. A criança poderá passar pelo processo de avaliação realizada por uma equipe multidisciplinar especializada (vide adiante), mas se não houver passado pelo processo de alfabetização o diagnóstico será apenas de uma "criança de risco".

Poderá haver:

  • dificuldades com a linguagem e escrita

  • dificuldades em escrever;

  • dificuldades com a ortografia;

  • lentidão na aprendizagem da leitura;
 
Haverá muitas vezes :

  • disgrafia (letra feia);

  • discalculia, dificuldade com a matemática, sobretudo na assimilação de símbolos e de decorar tabuada;

  • dificuldades com a memória de curto prazo e com a organização’;

  • dificuldades em seguir indicações de caminhos e em executar seqüências de tarefas complexas;

  • dificuldades para compreender textos escritos;

  • dificuldades em aprender uma segunda língua.
  
Haverá às vezes:

  • dificuldades com a linguagem falada;

  • dificuldade com a percepção espacial;

  • confusão entre direita e esquerda.
Pré –Escola
 Fique alerta se a criança apresentar alguns desses sintomas:

  • Dispersão; 

  • Fraco desenvolvimento da atenção;

  • Atraso no desenvolvimento da fala e da linguagem;

  • Dificuldade em aprender rimas e canções;

  • Fraco desenvolvimento da coordenação motora;

  • Dificuldade com quebra cabeça;

  • Falta de interesse por livros impressos;
O fato de apresentar alguns desses sintomas não indica necessariamente que ela seja disléxica; há outros fatores a serem observados. Porém, com certeza, estaremos diante de um quadro que pede uma maior atenção e/ou estimulação.
Idade Escolar
 Nesta fase, se a criança continua apresentando alguns ou vários dos sintomas a seguir, é necessário um diagnóstico e acompanhamento adequado, para que possa prosseguir seus estudos junto com os demais colegas e tenha menos prejuízo emocional:
Dificuldade na aquisição e automação da leitura e escrita;
Pobre conhecimento de rima (sons iguais no final das palavras) e aliteração (sons iguais no início das palavras);
Desatenção e dispersão;
Dificuldade em copiar de livros e da lousa;
Dificuldade na coordenação motora fina (desenhos, pintura) e/ou grossa (ginástica,dança,etc.);
Desorganização geral, podemos citar os constantes atrasos na entrega de trabalhos escolares e perda de materiais escolares;
Confusão entre esquerda e direita;
Dificuldade em manusear mapas, dicionários, listas telefônicas, etc...
Vocabulário pobre, com sentenças curtas e imaturas ou sentenças longas e vagas;
Dificuldade na memória de curto prazo, como instruções, recados, etc...
Dificuldades em decorar seqüências, como meses do ano, alfabeto, tabuada, etc..
Dificuldade na matemática e desenho geométrico;
Dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomias)
Troca de letras na escrita;
Dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua;
Problemas de conduta como: depressão, timidez excessiva ou o ‘’palhaço’’ da turma;
Bom desempenho em provas orais.
Se nessa fase a criança não for acompanhada adequadamente, os sintomas persistirão e irão permear a fase adulta, com possíveis prejuízos emocionais e conseqüentemente sociais e profissionais.
  
Adultos
 Se não teve um acompanhamento adequado na fase escolar ou pré-escolar, o adulto disléxico ainda apresentará dificuldades;
Continuada dificuldade na leitura e escrita;
Memória imediata prejudicada;
Dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua;
Dificuldade em nomear objetos e pessoas (disnomia);
Dificuldade com direita e esquerda;
Dificuldade em organização;
Aspectos afetivos emocionais prejudicados, trazendo como conseqüência: depressão, ansiedade, baixa auto estima e algumas vezes o ingresso para as drogas e o álcool.
DIAGNÓSTICO
Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes de um diagnóstico multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, não confirmam a dislexia. E não pára por aí, os mesmos sintomas podem indicar outras situações, como lesões, síndromes e etc.
 Então, como diagnosticar a dislexia?
  Identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa, deve se procurar ajuda especializada.
Uma equipe multidisciplinar, formada por Psicóloga, Fonoaudióloga e Psicopedagoga Clínica deve iniciar uma minuciosa investigação. Essa mesma equipe deve ainda garantir uma maior abrangência do processo de avaliação, verificando a necessidade do parecer de outros profissionais, como Neurologista, Oftalmologista e outros, conforme o caso.
A equipe de profissionais deve verificar todas as possibilidades antes de confirmar ou descartar o diagnóstico de dislexia. É o que chamamos de AVALIAÇÃO MULTIDISCIPLINAR e de EXCLUSÃO.
Outros fatores deverão ser descartados, como déficit intelectual, disfunções ou deficiências auditivas e visuais, lesões cerebrais (congênitas e adquiridas), desordens afetivas anteriores ao processo de fracasso escolar (com constantes fracassos escolares o disléxico irá apresentar prejuízos emocionais, mas estes são conseqüências, não causa da dislexia).
 Neste processo ainda é muito importante:
 Tomar o parecer da escola, dos pais e levantar o histórico familiar e de evolução do paciente.
Essa avaliação não só identifica as causas das dificuldades apresentadas, assim como permite um encaminhamento adequado a cada caso, por meio de um relatório por escrito.
Sendo diagnosticada a dislexia, o encaminhamento orienta o acompanhamento consoante às particularidades de cada caso, o que permite que este seja mais eficaz e mais proveitoso, pois o profissional que assumir o caso não precisará de um tempo, para identificação do problema, bem como terá ainda acesso a pareceres importantes.
Conhecendo as causas das dificuldades, o potencial e as individualidades do indivíduo, o profissional pode utilizar a linha que achar mais conveniente.
Os resultados irão aparecer de forma consistente e progressiva. Ao contrário do que muitos pensam, o disléxico sempre contorna suas dificuldades, encontrando seu caminho. Ele responde bem a situações que possam ser associadas a vivências concretas e aos múltiplos sentidos. O disléxico também tem sua própria lógica, sendo muito importante o bom entrosamento entre profissional e paciente.
Outro passo importante a ser dado é definir um programa em etapas e somente passar para a seguinte após confirmar que a anterior foi devidamente absorvida, sempre retomando as etapas anteriores. Ë o que chamamos de sistema MULTISSENSORIAL e CUMULATIVO.
Também é de extrema importância haver uma boa troca de informações, experiências e até sintonia dos procedimentos executados, entre profissional, escola e família.
Lembre-se que a ABD é seu ponto de apoio.
  
A avaliação é importante?
  
Sim, muito importante. Ela é fundamental para entender o que está acontecendo com o indivíduo que apresenta sintomas de distúrbio de aprendizagem. Além do que, é pela avaliação multidisciplinar que se tem condições de um encaminhamento adequado a cada caso, considerando as várias possibilidades, inclusive de manifestação da própria dislexia. topo
 E porque um diagnóstico multidisciplinar e de exclusão?
 Somente um diagnóstico multidisciplinar pode identificar com precisão o que está ocorrendo. Os distúrbios de leitura e escrita são os fatores de maior incidência em sala de aula, mas nem todos têm uma causa comum. Embora a dislexia seja o maior índice, outros fatores também podem causar os mesmos sintomas; distúrbios psicológicos, neurológicos, oftalmológicos, etc.
Uma equipe multidisciplinar analisa o indivíduo como um todo, verificando todas as possibilidades. Não se parte da dislexia, mas se chega à dislexia, excluindo qualquer outra possibilidade. Por outro lado, se um outro fator for confirmado, o encaminhamento também se dará de modo que o avaliado possa ter um acompanhamento adequado.
Com relação à dislexia ocorre o mesmo; são considerados os inúmeros fatores e as características de cada paciente, para se fazer um encaminhamento adequado a cada caso. Na ABD, um relatório é entregue ao paciente ou responsável (no caso de menores) e este relatório deve ser apresentado ao profissional que fará o acompanhamento, permitindo a este, adotando a linha que mais lhe convier, direcionar imediatamente suas intervenções, alcançando assim resultados mais eficazes em menor tempo.topo
 O disléxico precisará sempre de suporte e/ou acompanhamento profissional?
 Uma pessoa disléxica sempre será um disléxico, não podemos alterar esse fato, mas com acompanhamento adequado, mediante uma avaliação adequada, o disléxico evoluirá de forma consistente em seu acompanhamento até obter alta. Esse tempo de acompanhamento vai variar de disléxico para disléxico, além do que temos que considerar os diferentes graus da dislexia (leve, moderado e severo). Ele pode variar de dois a cinco anos. Embora esse tempo seja considerado longo para algumas pessoas, desde o princípio do acompanhamento o próprio disléxico, como os familiares e a escola poderão notar as mudanças, o que vai ser altamente positivo para sua vida acadêmica,familiar, social e profissional.
Observação: Se não forem sentidas mudanças significativas no primeiro ano de acompanhamento (vamos considerar um tempo de entrosamento entre profissional e paciente e ainda de entrosamento com o próprio tratamento), entre em contato com membros da equipe que realizou o diagnóstico. Verifique se o relatório foi redigido adequadamente e se este está sendo considerado para elaborar o plano de acompanhamento. Deve-se lembrar sempre, que o disléxico tem uma dificuldade, não uma impossibilidade. Devidamente acompanhado ele vai paulatinamente superando ou contornando suas dificuldades.topo
Há algum método ou linha eficaz?
 Não há nenhuma linha de tratamento que seja considerada ‘’a melhor’’ ou ‘’a única’’. O importante é a aceitação e adaptação do próprio disléxico à linha adotada pelo profissional. O que podemos dizer é que como a principal característica dos disléxicos é a dificuldade da relação entre a letra e o som (Fonema -Grafema), na terapia deverá ser enfatizado o método Fônico. Deve-se também treinar a memória imediata a percepção visual e auditiva. É sugerido que se adote o método multissensorial, cumulativo e sistemático. Ou seja, deve-se utilizar ao máximo todos os sentidos. Um exemplo básico é poder ler e ouvir enquanto se escreve. O disléxico assimila muito bem tudo que é vivenciado concretamente.topo
Qual a idade ideal para se fazer um diagnóstico?
 Qualquer idade, sendo adulto ou jovem terá atendimento adequado a sua faixa etária. Muitas vezes, antes do primeiro ano de alfabetização, poderá acorrer um ‘’quadro de risco’’, ou seja, poderá não ser confirmada a dislexia, mas também não se descartam outros fatores. Podemos sugerir um acompanhamento adequado e fazer uma observação mais cuidadosa, até podermos diagnosticar com precisão após a alfabetização se há, de fato, a presença de um quadro de dislexia.topo
 Como é feito o diagnóstico na ABD?
 O diagnóstico é multidisciplinar de exclusão. A ABD conta com uma equipe de profissionais das áreas de Fonodiaulogia, Psicologia, e Psicopedagogia. As equipes estão preparadas para o diagnóstico diferencial dos distúrbios de aprendizagem e não se fecham em si mesmas. Havendo necessidade, há encaminhamento para outros profissionais, para pareceres quanto à possibilidade de ocorrência de outros fatores.
Para quem mora em São Paulo, capital ou regiões próximas como Guarulhos e ABC, são ao todo seis consultas: uma primeira entrevista com os pais (anamnese), onde estes receberão um questionário para responder em família; no caso de crianças e adolescentes estes também receberão um questionário para responder individualmente. Também pede-se audiometria e exame oftalmológico. Os locais para esses exames podem ser indicados pela ABD, ou feito em locais onde o convênio do paciente cubra as despesas. Após a primeira entrevista com os pais ou responsável, inicia-se a avaliação com a criança, sendo três consultas com a Psicóloga e uma consulta com a Fonoaudióloga e Psicopedagoga Clinica. Depois de realizadas todas as sessões e entregues todos os questionários e exames pedidos, a equipe se reúne junto a Coordenadora Técnica e Cientifica da ABD para o estudo do caso e fechamento do diagnóstico. É marcada uma última entrevista , para a devolutiva. O relatório contém os resultados dos testes aplicados e observações dos profissionais com conclusão e encaminhamento.
Para pessoas que moram no interior de São Paulo ou em outras cidades do Brasil, todo procedimento para a avaliação poderá ser feito em apenas um dia. Para isso, todos os questionários aplicados na avaliação de crianças e adultos, assim como os pedidos e modelos de exame oftalmológico e de audiometria serão enviados por correio ou e-mail pela ABD para que sejam entregues no dia dos testes. A parte final da avaliação, relativa ao comunicado do resultado, é feita no mesmo dia, porém, o laudo impresso que contém os resultados dos testes aplicados e observações dos profissionais com conclusão será enviado por correio no prazo de 10 dias. Informações mais detalhadas por contato telefônico. topo
 O que é preciso para se fazer uma avaliação na ABD?
Marcar uma primeira entrevista pelos telefones (11) 3231-3296 * (11) 3258-7568 * (11) 3207-0809. Não é preciso encaminhamento, e os pais podem entrar em contato diretamente com a ABD. Caso haja encaminhamento, por parte de profissional ou escola, recomenda-se que seja feito através de um pequeno relatório ou histórico contendo os motivos da indicação. Mesmo assim, os pais é que devem entrar em contato para agendar a primeira consulta.topo
Qual o custo do atendimento da ABD?
 A ABD é uma entidade sem fins lucrativos e cobra parte de seus serviços e atividades para poder manter a entidade em funcionamento. Quanto às avaliações, a ABD cobra apenas 60% do custo real de mercado para sua realização. Além disso, a ABD mantém um procedimento de ‘’Avaliação Sócio-Econômica’’ destinada à população de baixa renda, que corresponde a 1/3 dos atendimento realizados. Neste caso deve ser preenchido um questionário pela família que não puder arcar com os custos e formas de pagamentos propostos. O questionário é avaliado junto a Assistencia Social da ABD que vai adequar os valores cobrados à realidade de cada um, chegando até a gratuidade.
A ABD realiza alguns eventos gratuitos destinados a disléxicos diagnosticados pela ABD, extensivo aos seus familiares. Nos eventos cobrados há descontos para associados. Há também descontos nos materiais de apoio comercializados pela ABD como livros e outros itens educacionais. Os recursos percebidos são destinados a investimentos nas atividades da ABD e na qualificação do atendimento e manutenção da infra-estrutura.
Filosofia da ABD: quem pode ajudar a manter as atividades da Associação pela utilização dos serviços da mesma, também estará ajudando a atender aquelas pessoas que precisam de auxílio e não podem arcar com os custos.topo
O que a ABD oferece?
 Orientação direcionada a cada caso.
Atendimento a pais, familiares, escolas, profissionais clínicos, imprensa, órgãos públicos e toda a comunidade.
Curso de Formação em Dislexia, dirigido a profissionais, que ocorre anualmente focando a questão multidisciplinar e abordando os seguintes temas: Evolução do ser humano, Avaliação, Diagnóstico e Acompanhamento pós-diagnóstico e Inclusão do Disléxico na escola num total de 84 horas/aulas.
Simpósio Nacional a cada dois anos.
Simpósio Internacional – Dislexia, Cognição e Aprendizagem, a cada dois anos.
Encontros com disléxicos e reunião com pais.
Palestras em Escolas, Faculdades, Comunidades, Clinicas, etc.
Palestras diversificadas conforme áreas de interesse.
CAE - Centro de Avaliação e Encaminhamento.
Diagnóstico multidisciplinar de Exclusão.
Encaminhamento adequado a cada caso atendido.
Cadastro de profissionais e clínicas especializadas.
Biblioteca para consulta.
Acesso a livros selecionados e materiais relacionados com distúrbios de aprendizagem.
Desenvolvimento de pesquisas cientificas e estudos quanto à incidência e forma da dislexia no Brasil.
LEIS que ajudam o dislexo
  
Lei n.º 12.524, DE 2 DE JANEIRO DE 2007
Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação
 (Projeto de lei n.º 321, de 2004 da Deputada Maria Lúcia Prandi - PT)
  
Dispõe sobre a criação do Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação.
 O PRESIDENTE DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA:
Faço saber que a Assembléia Legislativa decreta e eu promulgo, nos termos do artigo 28, § 8º, da Constituição do Estado, a seguinte lei:
Artigo 1º - Fica o Poder Executivo obrigado a implantar o Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação, objetivando a detecção precoce e acompanhamento dos estudantes com o distúrbio.
Parágrafo único - A obrigatoriedade de que trata o “caput” refere-se à aplicação de exame nos educandos matriculados na 1 ª (primeira) série do Ensino Fundamental, em alunos já matriculados na rede quando da publicação desta lei, e em alunos de qualquer série admitidos por transferência de outras escolas que não da rede pública estadual.
Artigo 2º - O Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação deverá abranger a capacitação permanente dos educadores para que tenham condições de identificar os sinais da dislexia e de outros distúrbios nos educandos.
Artigo 3º - Caberá às Secretarias da Saúde e da Educação a formulação de diretrizes para viabilizar a plena execução do Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação.
Artigo 4º - O Programa Estadual para Identificação e Tratamento da Dislexia na Rede Oficial de Educação terá caráter preventivo e também proverá o tratamento do educando.
Artigo 5º - As despesas decorrentes da execução desta lei correrão à conta das dotações orçamentárias próprias.
Artigo 6º - O Poder Executivo regulamentará esta lei no prazo de 30 (trinta) dias, a contar da data de sua publicação.
Artigo 7º - Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 2 de janeiro de 2007.
RODRIGO GARCIA, Presidente
Publicada na Secretaria da Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, aos 2 de janeiro de 2007.
Marco Antonio Hatem Beneton, Secretário Geral Parlamentar
Disléxicos Famosos
Alguns dos grandes contribuidores da nossa sociedade eram "grandes mentes" como você!
Albert Einstein, Tom Cruise, Whoopi Goldberg
  
A criança disléxica pode freqüentar uma escola normal? E uma escola bilíngüe?
 A criança disléxica deve freqüentar a escola regular. É importante que a equipe escolar conheça os aspectos característicos da dislexia, o funcionamento leitor do disléxico e esteja pronta e disponível para atender estas necessidades especiais. A escola bilíngüe não é indicada para uma criança com dificuldades de linguagem, pois ela deverá lidar com vários idiomas simultaneamente, com diferentes estruturas fonéticas e gramaticais, o que tornará mais complexa a aprendizagem da língua escrita.
  
Como identificar a diferença entre uma criança má alfabetizada ou com dificuldades na aprendizagem e uma criança disléxica?
 A criança má alfabetizada, consegue vencer suas dificuldades, até ficarem totalmente superadas. A criança disléxica tem sinais que a acompanharão por toda a vida. Há possibilidade de realizar este diagnóstico diferencial utilizando-se avaliações específicas.
O PAPEL DO FONOAUDIÓLOGO/PSICOPEDAGOGO E DA ESCOLA NA DISLEXIA
Sônia Maria Pallaoro Moojen
Fonoaudióloga e psicopedagoga
 O objetivo deste trabalho é caracterizar este Transtorno Severo de Aprendizagem , partir da análise de um caso típico de Dislexia e indicar o papel do psicopedagogo/fonoaudiólogo e da escola no agenciamento desta problemática.
 
Para o melhor entendimento da concepção de dislexia aqui abordada, vamos começar estabelecendo uma classificação para os alunos que apresentam problemas escolares:
- Dificuldades de aprendizagem que podem ser de percurso, evolutivas, transitórias e dificuldades secundárias a outras patologias (deficiência mental, sensorial, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, transtornos emocionais, neurológicos, etc.)
- Transtornos de aprendizagem, descritos pelos manuais de diagnóstico (DSM –IV e CID-10). Nestes últimos, são descritos os especificadores de gravidade e curso: os leves, moderados e os severos. Os severos, que persistem até a vida adulta, recebem a denominação de dislexia evolutiva ou de desenvolvimento.
O que nos faz diferenciar esses 3 níveis? Não é fácil estabelecer um ponto de corte. Podemos dizer que a característica principal do transtorno severo é a gravidade dos sintomas (na ausência de outros estressores) e sua persistência (embora atenuada) ao longo da vida (apesar de tratamento adequado).
Para caracterizar os disléxicos, vamos iniciar a reflexão pelos já conhecidos critérios por exclusão:
 não são portadores de problemas psíquicos ou neurológicos graves
 não apresentam deficiência intelectual ou sensorial
 não trocaram de escola (língua materna) mais de 2 vezes nos três primeiros anos escolares e não faltaram mais de 10% de aulas nessa época.
A partir daí, e com base fundamentalmente em Sanchez e Rueda, é possível dizer que a dislexia evolutiva possui a seguinte caracterização:
1) é um transtorno específico nas operações envolvidas no reconhecimento das palavras que compromete, em maior ou menor grau, a compreensão da leitura
O comprometimento deve ter um grau clinicamente significativo, medido por testes padronizados, apropriados à cultura e ao sistema educacional. Os disléxicos estão atrasados na leitura e na escrita, em relação a seus pares, no mínimo dois anos, se a criança tem mais de 10 anos, e um ano e meio , se tem menos dessa idade.
Sendo assim, até o final de 2ª série ou início de 3ª, não se pode fazer diagnóstico de dislexia.
  
2) é um problema persistente
O que caracteriza os disléxicos é a persistência do problema (com atenuações) até a vida adulta. Os disléxicos podem chegar até a universidade mas isto exige um considerável esforço próprio.
Margie Bruck (1990), num estudo comparativo entre disléxicos universitários e alunos de 6a série, constatou que os disléxicos são mais lentos para ler palavras e pseudopalavras, beneficiando-se mais do contexto ao ler. Os alunos de 6ª série evidenciam rapidez igual para leitura de palavras isoladas e em contexto. Os disléxicos não automatizam plenamente as operações relacionadas ao reconhecimento de palavras, empregando mais tempo e energia em tarefas de leitura. Ou seja, os sujeitos normais automatizam o reconhecimento das palavras, e os disléxicos não.
  
3) representa o extremo de um contínuo com a população normal
 Os disléxicos não diferem qualitativamente dos sujeitos normo-leitores. Há uma continuidade entre ambos os grupos. Segundo Ellis, 1984 a dislexia mais adequadamente comparada com a obesidade em que há graus, do que com o sarampo, que é algo que uma pessoa tem ou não.
4) afeta um subconjunto, claramente minoritário, dos alunos com problemas na aprendizagem da leitura e da escrita
 Não há dados estatísticos que estabeleçam a percentagem da dislexia conforme a classificação exposta aqui, de um transtorno severo de aprendizagem. Segundo Sanchez, não mais do que 3 % dos portadores de dificuldades de aprendizagem.
5) é diagnosticada em indivíduos com capacidade intelectual normal
 A maioria dos autores estabelece o nível acima de 85 na escala WISC para o diagnóstico da dislexia, uma vez que um QI abaixo dessa cifra poderia determinar as dificuldades nas habilidades nucleares da leitura, particularmente na compreensão.
Sanchez afirma que Q.I. e leitura são duas variáveis que se correlacionam , embora esta correlação esteja longe de parecer perfeita, se considerarmos apenas o reconhecimento de palavras. Como exemplo, estão os hiperléxicos que, apesar de não serem inteligentes, conseguem reconhecer palavras com precisão e rapidez.
6) possui uma moderada evidência de origem genética (Rack e Olson, 1993)
 Os dados proporcionados pelo Projeto Colorado, que estudou a incidência de problemas de leitura em gêmeos monozigóticos e gêmeos dizigóticos parecem justificar a existência de uma moderada influência genética nas habilidades implicadas no reconhecimento de palavras.
Em estudos genéticos em famílias com importante número de disléxicos encontraram dois marcadores: Smith (1983) no cromossoma 15 e Cardon (1994) no cromossoma 6. Segundo Grigorenko (1997) o fenótipo de dislexia ligada a uma discapacidade para a leitura global da palavra se relacionaria com a alteração do cromossoma 15, enquanto que a disfunção fonológica estaria ligada ao cromossoma 6.
Galaburda (1985) em seus estudos anatômicos demonstrou uma simetria no planum temporale como suporte anatômico da dislexia. .
Um grande número de estudos neurológicos na dislexia deverão ser feitos antes de que possa emergir uma idéia clara sobre a abrangência do susbtrato neuroanatômico.
Por outro lado, em alguns casos de dislexia evolutiva, não existe evidência alguma de antecedentes familiares que possam sugerir uma influência genética.
7) requer um tratamento que envolve um processo lento, laborioso, sujeito a recaídas e, fundamentalmente, um trabalho com a família e a escola.
 Os dados de estudos longitudinais de sujeitos reabilitados (Rueda e Sanchez, 1994) mostram a necessidade de trabalho constante com as habilidades nucleares envolvidas na leitura.
8) requer uma equipe multidisciplinar para seu diagnóstico e tratamento.
A equipe que trabalha com o disléxico, sejam neurologistas, fonoaudiólogos, psicopedagogos, psicólogos tem que ter uma formação específica nesta área, complementando um sólido conhecimento teórico com uma prática refletida sobre este tema
O papel do psicopedagogo ou fonoaudiólogo e da escola
  
A intervenção do psicopedagogo ou fonoaudiólogo vai variar conforme o tipo de dislexia: fonológica, lexical ou mista.
Sanchez fala de dois tipos de intervenção. O primeiro, mais global, dirige-se à pessoa do disléxico e visa a três objetivos:
1º) levar o disléxico a reencontrar-se consigo mesmo. Através de mudanças no sistema motivacional, favorecer um controle emocional durante a leitura e auxiliar para que tenha uma boa imagem de si mesmo e consiga conviver com as dificuldades.
 2º) possibilitar ao disléxico o reencontro com a leitura. Partindo de textos curtos, interessantes e lidos de forma conjunta, possibilitar que a leitura desperte, no disléxico, sentimentos positivos.
 3º ) criar redes com a escola e a família
O 2º tipo de intervenção dirige-se aos déficits específicos do disléxico, auxiliando a melhorar a capacidade para operar com as regras que relacionam fonologia – ortografia e trabalhando a compreensão de textos.
  
Vamos analisar o papel do psicopedagogo ou fonoaudiólogo e da escola, reportando-nos ao caso da Deise, uma menina, aos 15 anos e 9 meses, cursando o 2º grau, cuja dislexia foi diagnosticada aos 9 anos e 5 meses, quando a escola ia reprová-la novamente na 2ª série.
Daise foi encaminhada por uma psicóloga que atendia uma tia da menina. Esta sensível psicóloga suspeitou que a menina tivesse dislexia pelas dificuldades enfrentadas pela menina na alfabetização. A testagem psicológica (WISC) evidenciou adequadas condições intelectuais. Encaminhou à neuropediatra que encontrou “quadro compatível com dislexia” Sugeriu avaliação psicopedagógica para confirmação do diagnóstico.
Daise cursou a 1ª série em 1993 e passou para a 2ª “pois estava quase no estalo”. Teve aulas de reforço na escola mas foi reprovada ao final do ano.
Enquanto repetia a 2ª série, iniciou tratamento psicopedagógico (de orientação psicológica) em março de 95 que durou todo o ano. Conforme relato pessoal da psicopedagoga, ela achava que Daise não aprendia por bloqueio (problemas com suas histórias pessoais) e portanto passou o ano inteiro fazendo atividades livres, desenhos dela e da família, histórias e jogos. Para esta profissional Deise não escreveria textos porque “história para ela era coisa ruim” .
Ao final do ano estava ameaçada de ser reprovada mas a mãe conseguiu, invocando uma lei, que ela fizesse provas em março/96. Por esta razão estava sendo avaliada para ajudar a decidir se ela repetiria a 2ª série ou iria para a 3ª. Deise não queria fazer novos testes na escola com medo de ser reprovada.
Este é o relato de sua vida escolar feito em 2000:
Minha históia escolar
Quando tinha 6 anos, enterei na primeira sere, mesintir mal. Porque meus colegas sabião, ler e escrever e eu não. A profesora me pasou, fiquei felis mas não sabia ler nem escrever
Sigundasere la foi rum rodei pela primeira ves e nova mente rodei soque ai fui para outro colejio chamado ... fis CI uma clase especia para otipo de problema que eu tina e otros tipos de problemas mas o meu era deslequicia.
Do CI pasei para a terseira sere gostei de fazer a terceira sere.
Depoi a quarta sere e umpoco mas complicado a materia mas foi bom tambem porque quando tinha duvidas perguntava e sempre me explicarão.
Quinta sere foi bom cadaves aprendendo adorei terfeito a quinta sere
Sesta sere Mais matérias mais coisas para aprender e cadaves mai gostado de aprender.
Sai do ... e fui para o .... fis supletivo pasei so que tive que prestar bastante a tensão porque estava fasendo na metade do ano dua seres setima e oitava.
Pasei para a escola .... e fis na outra metade o primeiro ano do sigundo grau.
E agora estou terminando a outra metade do segundo grau foi bom terpasado portodas as seres e espero continua gostando e apredendo cadaves mais.
Observação: Foram omitidos os nomes das escolas freqüentadas por Deise O trabalho psicopedagógico com Daise foi o seguinte:
A) a família e Deise foram informadas do quadro diagnóstico.
Freqüentemente é importante para o disléxico saber o porquê de suas dificuldades. Devemos usar o “rótulo” dislexia somente quando isto vai em benefício do paciente. Não se deve ter pressa em classificar mas, sim, em intervir.
Para Deise parece ter sido importante pois ela disse para a professora: “Graças a Deus descobriram o que eu tenho: Dislexia”.
B) foi indicada troca para uma escola que lida muito bem com a inclusão onde ela cursou uma classe intermediária. A escola foi orientada na manejo das dificuldades de Deise:
 Não pretender que alcance um nível leitor igual aos dos outros colegas.
 Valorizar sempre os trabalhos pelo seu conteúdo e não pelos erros de escrita.
 Sempre que possível, realizar avaliações oralmente.
 Destacar os aspectos positivos em seus trabalhos.
 Diminuir os deveres de casa, envolvendo leitura e escrita.
C) A psicopedagoga trabalhou um ano com as habilidades nucleares da leitura: reconhecimento de palavras e compreensão. Partiu de um trabalho com consciência fonológica necessário para a reconstituição do sistema de correspondência fonologia/ortografia, visando maior precisão e rapidez na decodificação. Buscou ampliar o vocabulário visual-gráfico e, paralelamente, realizou leitura conjunta.
Ao final do ano fez uma reavaliação psicopedagógica, cujos resultados referentes à ortografia, estão expressos no anexo 1. Nesta tabela também aparecem reavaliações feitas posteriormente, em que se constata um progresso na escrita ortográfica. Ao mesmo tempo, contudo, foi observada uma persistência destas dificuldades, o que é característica do disléxico.
D) No ano seguinte foi indicado trabalho com Amiga Pedagógica Qualificada que fazia atendimento domiciliar. Este profissional é um professor orientado por psicopedagogo (atualmente psicopedagogos estão fazendo este trabalho) que trabalha sob a supervisão dos profissionais que atendem o caso. Auxilia nos temas de casa, realiza atividades específicas de leitura e escrita, buscando facilitar sua vida escolar.
E) Em quase todos os anos subseqüentes, Deise foi reavaliada para determinar prioridades de atendimento e orientação às escolas. Neste sentido fez:
• avaliação e tratamento ortóptico (para facilitar a amplitude de convergência);
• avaliação e tratamento otorrinolaringológico em função de resfriados freqüentes que interferiam na escrita da nasalidade
• avaliação e tratamento emocional no início da adolescência
• avaliação do processamento auditivo ( fará no corrente ano)
  
O trabalho com a escola deve ser continuado. Os professores necessitam de ajuda para usar estratégias especiais para os disléxicos sem que isso implique “favorecimento” de qualquer ordem.
Ainda estamos longe de um ideal de proposta de intervenção escolar. Somente ir nas escolas e fazer prescrições tem se mostrado insuficiente. Como refere Sanchez, 2003 temos que aliar às propostas prescritivas às descritivas. Necessitamos idéias e conhecimentos que orientem as ações, isto é, prescrições, mas também descrições do que realmente se faz e se quer fazer. Segundo o autor se queremos que ocorram mudanças e inovações a investigação deve cumprir os seguintes requisitos:
- apresentar argumentos que justifiquem uma inovação (no caso uma nova abordagem no caso de alunos disléxicos)
- encontrar evidências que justifiquem esta inovação
- descrever as práticas realizadas habitualmente
- descrever as dificuldades experimentadas pelos professores que querem a mudança.
Faltam investigações mais científicas e racionais sobre a dislexia, baseadas em métodos de avaliação e tratamento mais vigorosos. Neste sentido, estamos empenhadas em reavaliar os disléxicos que atendemos desde 1969 e verificar se as dificuldades nas operações nucleares relacionadas à leitura e escrita se mantém ao longo dos anos. De 20 casos selecionados, já revimos quatro. Ainda é cedo para apontar tendências.
Estamos apenas iniciando um caminho para auxiliar pessoas como Deise a continuar “gostando e apredendo cadaves mais.”

Referências:

http://www.dislexia.org.br/

Telefones para contato: 014-11-3258-7568 ou 3231-3296 ou 3237-0809

http://www.andislexia.org.br/

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